Desde a década de 50 o espaço destinado a crianças e adolescentes vem atraindo a atenção de arquitetos, pedagogos e sociólogos. Com a industrialização rápida que ocorria no país, fazendo com que a população só de São Paulo somasse mais de 2 milhões de habitantes, foi necessário um programa que suprimisse o déficit educacional e cultural. Para tanto, em 28 de setembro de 1949 foi criado um convênio, onde foi assinado que caberia as prefeituras a construção de novos edifíos e ao Estado o desenvolvimento do ensino.
Para isso, foi criado a Comissão Executiva do Convênio Escolar, orgão que viabilizaria o planejamento, projeto e obras; tendo como presidente José Amadei e Hélio Duarte, arquiteto , presidente da subcomissão Executiva.
Dando início aos novos projetos de edifícios escolares, imprimindo-lhes características até então novas, os princípios modernistas, perceberam que não só os edifícios necessitavam de uma mudança, mas a educação como um todo. E foi em Anisío Teixeira que Hélio Duarte foi buscar as diretrizes pedagógicas das construções escolares realizadas pelo convênio.
Nascido em Caetité, Bahia, Anisío Teixeira acreditava que a educação era um processo de contínua reorganização e reconstrução da experiência, pois para ele essa é a característica mais particular da vida humana, e assim não se aprende para depois viver, de fato, simultaneamente vivemos, experimentamos e aprendemos, portanto escola é viver.
Teixeira, criticava a escola existente reduzida a objetivos intelectuais, a um ensino verbalista, seu desejo era que:
“ desejamos dar, a escola o seu dia letivo completo. Desejamos dar-lhe os seus cinco anos de curso. E desejamos dar-lhe seu programa completo de leitura, aritimétrica e escrita e mais ciências físicas e sociais e mais artes industriais, desenho, música, dança e educação física. Além disso, desejamos que a escola eduque, forme hábitos, forme atitudes, cultive aspirações, prepare, realmente, a criança para a sua civilização - esta civilização tão difícil por ser uma civilização técnica e industrial e ainda mais difícil e complexa por estar em mutação permanente. E, além disso, desejamos que a escola dê saúde e alimento à criança, visto não ser possível educá-la no grau de desnutrição e abandono em que vive.” ¹
Em 1947, num cenário de democratização do País finda a ditadura Vargas, e numa Bahia impulsionada pelo governo progressistas de Octávio Mangabeira, Anísio Teixeira, como secretário da educação do estado da Bahia elaborou o Plano estadual de Educação Escolar que criou conceitualmente a Escola-parque, ou seja, um espaço completo de formação educacional. Para ele, a escola deveria educar, ao invés de instruir, formar cidadãos livres mais preparados para o futuro incerto, do que transmitir um passado claro.
Inspirado nas escola comunitárias norte-americana Anísio pensa num sistema composto por “escola-classe” e “escola-parque”, onde serviriam com a educação formal, e com atividades complementares, em turnos alternados.
A obra que melhor exemplifica esse conceito é a Escola Centro Educacional Carneiro Ribeiro, do arquiteto Diógenes Rebouças, que segundo ele, apenas interpretou “uma magnífica idéia que sugeria uma arquitetura sadia, modesta e séria, através de seu programa.”
O projeto fazia parte de um pacote que previa a construção de 8 escolas parques, porém somente ele foi edificado, e num vasto período de tempo, quase 20 anos. Localizado no Bairro da Liberdade, Anísio conseguiu trabalhar mais 1 de seus conceitos, o de ter a escola como ponto de convívio social da comunidade, pois o bairro tinha grandes prolemas,como o adensamento e o seu baixo nível sócio-econômico. Visando desta maneira ás camadas populares.
Segundo Rebouças:
“vamos colocar na periferia dos bairros o sistema educacional de instruções e, dentro desse núcleo, o grande parque escolar no qual educamos os meninos. Nas escolas, nós os instruímos. Nelas, usamos a professora clássica, essa que não tem versatilidade na concepção. No parque escolar, completamos com a educação o que significa atividade de socialização, de trabalho, de educação física, de higiene, de esportes e de alimentação.” ²
Contudo, foi nesse projeto, mais especificadamente que Hélio Duarte se inspirou para propor as escolas do Grupo Escolar, onde aproveitou mais uma vez a escola como um centro social do bairro. Segundo ele, “a valorização social da escola como agrupamento unitário e ponto focal de uma comunidade, levando-a a um uso intensivo estaria, no mínimo, a duplicar o seu valor de uso e, na mesma proporção, a reduzir o seu valor de custo.”
1- TEIXEIRA ,1959, p.78
2- REBOUÇAS, Depoimento. In: ROCHA LIMA, 1992, P.148